Kardy Lima

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quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Zé e seu Guincho




Lá estava eu com a minha família, de férias, num acampamento isolado, com carro enguiçado. Tentei dar a partida no carro. Nada. Caminhei para fora do acampamento, e felizmente meus palavrões foram abafados pelo barulho do riacho que passava por ali. Minha mulher e eu concluímos que estávamos à mercê de uma bateria descarregada.

Sem alternativa, decidi voltar a pé até uma vila
mais próxima, a alguns quilômetros de onde estávamos. Duas horas depois, com um tornozelo torcido, cheguei finalmente a um posto de gasolina. Ao me aproximar do posto lembrei que era Domingo.

O lugar estava fechado, mas havia um telefone público e uma lista telefônica caindo aos pedaços. Telefonei para a única companhia de auto socorro, localizada na cidade vizinha, a cerca de 30 km.

Zé atendeu
Zé atendeu o telefone e me ouviu, nos mínimos detalhes.

- Não tem problema - ele disse quando dei minha localização - normalmente não trabalho aos domingos, mas estarei aí em mais ou menos meia hora.

Fiquei aliviado de obter socorro, mas preocupado com as implicações financeiras que essa oferta de ajuda, significaria. Ele chegou em seu reluzente caminhão-guincho, e nos dirigimos para a
nos dirigimos para a área de acampamento.

Quando saí do caminhão, observei com espanto, o Zé descer com aparelhos na perna, amparado por muletas. Ele era paralítico!

Enquanto ele se movimentava, comecei novamente minha ginástica mental para calcular o preço da sua boa vontade.
- É só uma bateria descarregada, uma pequena carga elétrica e vocês poderão ir embora, disse.

Ele reativou a bateria e enquanto ela recarregava, distraiu meu filho pequeno com truques de mágica. Até tirou uma moeda da orelha e deu a meu filho.

Enquanto ele guardava os cabos de volta no caminhão, perguntei quanto lhe devia.

- Ó! Nada! - respondeu, para minha surpresa.

- Tenho que lhe pagar, afinal, esse é o seu trabalho.

- Não - ele reiterou - Há muitos anos atrás, alguém me ajudou a sair de uma situação pior do que esta, quando perdi as minhas pernas. O sujeito me disse apenas para "passar isso  adiante". Portanto, você não me deve nada.

Devemos estar sempre prontos a retribuir

POR: Benício França

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