Lá estava eu com a minha família, de férias, num acampamento
isolado, com carro enguiçado. Tentei dar a partida no carro. Nada. Caminhei
para fora do acampamento, e felizmente meus palavrões foram abafados pelo
barulho do riacho que passava por ali. Minha mulher e eu concluímos que
estávamos à mercê de uma bateria descarregada.
Sem alternativa, decidi voltar a pé até uma vila
mais próxima, a alguns quilômetros de onde estávamos. Duas horas
depois, com um tornozelo torcido, cheguei finalmente a um posto de gasolina. Ao
me aproximar do posto lembrei que era Domingo.
O lugar estava fechado, mas havia um telefone público e uma lista
telefônica caindo aos pedaços. Telefonei para a única companhia de auto
socorro, localizada na cidade vizinha, a cerca de 30 km.
Zé atendeu
Zé atendeu o telefone e me ouviu, nos mínimos detalhes.
- Não tem problema - ele disse quando dei minha localização -
normalmente não trabalho aos domingos, mas estarei aí em mais ou menos meia
hora.
Fiquei aliviado de obter socorro, mas preocupado com as implicações
financeiras que essa oferta de ajuda, significaria. Ele chegou em seu reluzente
caminhão-guincho, e nos dirigimos para a
nos dirigimos para a área de acampamento.
Quando saí do caminhão, observei com espanto, o Zé descer com
aparelhos na perna, amparado por muletas. Ele era paralítico!
Enquanto ele se movimentava, comecei novamente minha ginástica
mental para calcular o preço da sua boa vontade.
- É só uma bateria descarregada, uma pequena carga elétrica e vocês
poderão ir embora, disse.
Ele reativou a bateria e enquanto ela recarregava, distraiu meu
filho pequeno com truques de mágica. Até tirou uma moeda da orelha e deu a meu
filho.
Enquanto ele guardava os cabos de volta no caminhão, perguntei
quanto lhe devia.
- Ó! Nada! - respondeu, para minha surpresa.
- Tenho que lhe pagar, afinal, esse é o seu trabalho.
- Não - ele reiterou - Há muitos anos atrás, alguém me ajudou a sair
de uma situação pior do que esta, quando perdi as minhas pernas. O sujeito me
disse apenas para "passar isso
adiante". Portanto, você não me deve nada.
Devemos estar sempre prontos a retribuir
POR: Benício França
Nenhum comentário:
Postar um comentário